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  • Foto do escritorAdnan Brentan

Estou feliz, mas quero mais!

"A vida é, afinal de contas, um desafio para a criatura, uma fascinante oportunidade de expandir-se. Ernest Becker


Uma das posturas que nos colocam em estado de felicidade é a capacidade de contentamento. Podemos efetivamente encontrar a felicidade estando satisfeitos com o agora, estando satisfeitos com o que temos e principalmente com o que somos. Contentamento é uma postura muito eficiente para se colocar em estado de felicidade. Isto não significa aceitar de forma definitiva o desconforto, a dor e o sofrimento, mas saber que eles fazem parte da realidade e, sobretudo, entender que são estados temporários. A felicidade diz respeito a constatação da presença daquilo que é eterno nas coisas que são temporais. Se me ligo intimamente com os princípios eternos sou capaz de, mesmo em estado de dor e sofrimento, estar feliz pois conheço a realidade da felicidade.



Mas, sem excluir o contentamento, há uma forma ainda mais profunda de entrar em estado de felicidade que é agir de modo a alcançar aqueles bens (materiais ou espirituais) que inevitavelmente nosso ser almeja.


Josef Pieper na sua obra Felicidade e Contemplação afirmou:

"Bem-aventurança significa plenitude. Completude significa realização. O ser humano chega à completude quando o projeto, que é ele próprio, é plenamente realizado. A realização se dá por meio de atuação... Há uma auto-realização que ultrapassa o mero fato de existir; é nela que os seres vivos ganham uma realidade mais intensa e mais real: atuando."


Sabendo disso a Vida insistentemente continua nos oferecendo oportunidades para, mesmo satisfeitos, nos ampliarmos ainda mais. A Vida embora reconheça nossas conquistas continua nos convidando para o crescimento através de novos desafios. Ela, como uma boa mãe, nos diz: "Que bom que você chegou até aqui, parabéns! Mas eu sei que você é capaz de realizar e conquistar ainda mais."

Ela compreende que na maioria das vezes quando você diz: "Eu não consigo" na verdade você está só dizendo: "Estou satisfeito com o que consegui e não quero me esforçar para conquistar mais."


Perceba em seu íntimo a resistência disfarçada de queixume, por um lado, ou de apatia, por outro. Supere esta resistência com vontade e disposição e renda-se a este impulso universal de completude. Compreenda que estes convites da Vida para superação são a forma que Deus nos estimula a alcançar a plenitude. Tendo Ele nos criado conhece nossa real capacidade e nos colocar em dificuldades é uma forma do Seu amor. A nossa forma de retribuir este amor é aceitar este convite para grandeza e aumentar o esforço nas nossas ações, ampliando nossa capacidade de realização.


"O Espírito Universal não quer atar-nos. Nem nos quer encerrar, mas sim

elevar-nos degrau por degrau, nos ampliando o Ser." Hermann Hesse


Portanto, tanto o contentamento quanto a ação esforçada são formas de alcançar a felicidade e um dos segredos de uma vida mais realizada é encontrar o equilíbrio dinâmico entre ambos. Ora vamos agir esforçadamente, ora vamos descansar tranquilamente.


Outra dica: Minha experiência pessoal tem me mostrado reincidentemente que é uma armadilha ceder às urgências do sobreviver que leva a abrir mão do que "não é essencial para sobrevivência" mas que te afasta daquilo que é essencial para teu crescimento e "libertação". Reconhecer e fazer o que amamos nos fortalece. Quanto mais energia você acumular com o que é sagrado para você, maior a chance de "escapar" da ilusão persistente da carência do mundo (quando acreditamos que faltarão recursos ou competência) que em última análise é carência de "si mesmo", a carência continuará se negligenciarmos a busca da própria completude.


Viver, embora muitas vez possa aparentar, não é uma tarefa de Sísifo, mas uma tarefa de Gilgamesh que atravessa o coração da montanha, mesmo na escuridão, para alcançar a luz libertadora do Sol.


"O amor à verdade procura o ócio santo; a necessidade do amor empreende a ação justa." Aldous Huxley


* Sísifo na mitologia grega, após tentar enganar os deuses, recebeu o castigo eterno de ser obrigado a rolar uma pedra enorme até o alto de uma colina, mas toda vez que a pedra atingia o ponto mais alto rolava novamente para a base obrigando-o a recomeçar.

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