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Pare de reclamar e viva a beleza do agora

Foto do escritor: Adnan BrentanAdnan Brentan

Atualizado: 6 de fev.


Como encontrar o equilíbrio entre o necessário censo crítico para evitar cometer erros ou evitar dor e sofrimento desnecessários, e a mansidão própria daquele que, no domínio de si mesmo, não se perturba com aquilo que não está ao seu alcance, mesmo que momentâneo, alterar ou corrigir?


Ocasionalmente, quando na trilha, alguns estímulos externos e incompatíveis com o ambiente natural me causam desconforto. Como por exemplo, conversa em volume alto, excesso de conversa, música, pichação em rochas e, o mais dolorido, em troncos de árvores. Normalmente aproveito estas ocorrências para, numa fala reclamatória, apontar o erro numa tentativa de gerar consciência do comportamento aberrante nos que me acompanham. E foi isso que fiz na última trilha que guiei quando percebi várias novas pichações numa linda árvore ao lado da trilha. Em uma fala sarcástica, declarei: "Pena que tem neurônios suficientes para serem alfabetizados."


Apontar aquele tipo de erro sempre me pareceu o correto a fazer, porém, desta vez, percebi que a atenção e o reforço daquela falha alheia me retirou, em parte, do estado de espírito silencioso e elevado que vinha mantendo naquela atividade. De maneira reativa permiti que pessoas alheias a mim, e que nem estavam presentes, me desviassem da rota interna elevada. E, pior ainda, provavelmente gerei um estado de ânimo de crítica e incômodo também naqueles que eu guiava naquele dia. Eu que, no discurso e na intenção, queria tornar aquele dia um tempo fora das alienações coletivas num ambiente exuberante abençoado pela Natureza, quebrei o meu propósito e permiti que o mundo vulgar invadisse a minha mente e baixasse a minha emoção a um patamar de queixume inócuo.


"A inquietude é sempre vaidade, porque a nada serve de bom. Sim, mesmo que todo o mundo, e todas as coisas nele, fosse lançado em confusão, a inquietude ainda seria vaidade." São João da Cruz


Escrevo esta reflexão numa tentativa de entendimento e tomada de consciência do quanto esta tendência à reatividade nos rouba energia, nos desvia do nosso melhor caminho interno, nos demove de nossa tranquilidade. Enquanto refletia sobre o aprendizado me recordei da frase acima de São João da Cruz que li e guardei faz alguns anos. Na época senti um misto de incômodo e afeição por ela, pois não gostei de pensar que sempre que algo me incomoda é a vaidade se manifestando. Mesmo concordando que a inquietude seja um sentimento ruim a ser experimentado e sustentado, não queria deixar de reclamar das coisas que é um "direito humano" modernamente enaltecido.


Agora me rendo ao entendimento de que a vaidade é uma característica própria do ego. É o ego quem realmente se inquieta, que nunca está satisfeito, que sempre está procurando falhas e problemas para apontar. É o ego que reclama e quer a todo momento mudar o mundo de fora por não ser capaz de aquietar o mundo de dentro. É o ego que reage e é o ego quem se envaidece, enquanto nosso Eu elevado, com uma visão mais ampla da vida e de tudo, nunca desce nestes abismos.


Por agora me contento com a ideia de que, embora o hábito de reclamar seja algo difícil de remover da vida vulgar e cotidiana, devo me esforçar para mantê-lo longe dos ambientes e momentos mais elevados. Desatento, não posso permitir que o reclamar perniciosamente profane o meu tempo sagrado. E o meu tempo na Natureza é um tempo sagrado.


Quem sabe com o tempo eu não consiga remover o queixume de todo o meu tempo, tornando qualquer tempo elevado, e sagrado.


"A inquietude é sempre vaidade, porque a nada serve de bom."



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